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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O lado B da profissão do jornalista



   
   A figura boêmia do jornalista freelancer da década de 1950 é mostrada no filme “O diário de um jornalista bêbado”, interpretado pelo ator Johnny Deep, dando vida ao personagem Paul Kemp, um profissional com um estilo de vida desregrado, sempre visto com um drinque à tira colo e sem instabilidade financeira. O ritmo frenético da cidade de Nova Iorque faz com que Kemp, faça novos planos para sua carreira o destino é o Caribe, onde recebe uma proposta para trabalhar em um jornal de Porto Rico. A sua adaptação na nova cidade é dada por muita bebida alcoólica, romance e confusão.
   Essa imagem que o filme passa de um jornalista parece não ser apenas na ficção. Hoje nas redações, multinacionais e assessorias de imprensa o profissional vive sobre forte tensão com prazos e metas a serem cumpridas resultando em recorrentes problemas de saúde, essa necessidade e cobranças por resultados faz com que o empregado se sinta pressionado. A grande aposta dos veículos é contratar recém-formado ou pessoas mais jovens para trabalhar no propósito de mostrar serviço acabam obedecendo aos chefes sem retrucar ou mostrar resistência. Decorrente a esse ambiente surgem os assédios morais, saúde física e mental.
   Essa necessidade em que o ingressante na área tem que saber de tudo um pouco e estarem sempre atualizados com notícias dos mais variados segmentos é inerente à profissão. Mas com esse universo da instantaneidade onde tudo é lançado ao leitor, ouvinte ou telespectador esse ritmo acelerado de trabalho chega a ser cansativo e sem o mínimo de recompensa possível a imagem glamourizada dos porta-vozes da notícia visto em apresentadores de telejornais, cai por terra quando se inicia na profissão. A demanda aumenta e o salário não contribui pelos esforços, causando desgaste físico e mental chegando ao estresse e saturação pela rotina e acaba compensando em doses de café.
   O trabalho durante a semana em horário comercial é um privilégio para poucos, ter que abrir mão de finais de semana e convívio com familiares e amigos em função das escalas de plantão é uma realidade rotineira e acaba sendo pertinente ao seu ofício. Um dos refúgios para amenizar os ânimos e para controlar o nervosismo a ingestão de bebida alcoólica e fumar cigarros causando a dependência química. As doenças de coração e AVC (acidente vascular cerebral) lideram o ranking das doenças que matam jornalistas e a não menos importante LER (lesão por esforço repetitivo) com o advento da rede mundial de computadores em 1990 essa doenças como tendinite, bursite e má postura.