A figura boêmia do jornalista freelancer da década de 1950 é mostrada no
filme “O diário de um jornalista bêbado”, interpretado pelo ator Johnny Deep,
dando vida ao personagem Paul Kemp, um profissional com um estilo de vida
desregrado, sempre visto com um drinque à tira colo e sem instabilidade
financeira. O ritmo frenético da cidade de Nova Iorque faz com que Kemp, faça
novos planos para sua carreira o destino é o Caribe, onde recebe uma proposta
para trabalhar em um jornal de Porto Rico. A sua adaptação na nova cidade é
dada por muita bebida alcoólica, romance e confusão.
Essa imagem que o filme passa de um jornalista parece não ser apenas na
ficção. Hoje nas redações, multinacionais e assessorias de imprensa o
profissional vive sobre forte tensão com prazos e metas a serem cumpridas
resultando em recorrentes problemas de saúde, essa necessidade e cobranças por
resultados faz com que o empregado se sinta pressionado. A grande aposta dos
veículos é contratar recém-formado ou pessoas mais jovens para trabalhar no
propósito de mostrar serviço acabam obedecendo aos chefes sem retrucar ou
mostrar resistência. Decorrente a esse ambiente surgem os assédios morais,
saúde física e mental.
Essa necessidade em que o ingressante na área tem que saber de tudo um
pouco e estarem sempre atualizados com notícias dos mais variados segmentos é
inerente à profissão. Mas com esse universo da instantaneidade onde tudo é
lançado ao leitor, ouvinte ou telespectador esse ritmo acelerado de trabalho
chega a ser cansativo e sem o mínimo de recompensa possível a imagem
glamourizada dos porta-vozes da notícia visto em apresentadores de telejornais,
cai por terra quando se inicia na profissão. A demanda aumenta e o salário não
contribui pelos esforços, causando desgaste físico e mental chegando ao
estresse e saturação pela rotina e acaba compensando em doses de café.
O trabalho durante a semana em horário comercial é um privilégio para
poucos, ter que abrir mão de finais de semana e convívio com familiares e
amigos em função das escalas de plantão é uma realidade rotineira e acaba sendo
pertinente ao seu ofício. Um dos refúgios para amenizar os ânimos e para
controlar o nervosismo a ingestão de bebida alcoólica e fumar cigarros causando
a dependência química. As doenças de coração e AVC (acidente vascular cerebral)
lideram o ranking das doenças que matam jornalistas e a não menos importante
LER (lesão por esforço repetitivo) com o advento da rede mundial de
computadores em 1990 essa doenças como tendinite, bursite e má postura.